A VIUVINHA
Elemento central: Sinceridade e desapego às coisas materiais.
Síntese da história: Príncipe herdeiro apaixona-se por uma viúva e enfrenta a oposição de seu pai, o rei.
Título da música: A Viuvinha
Recursos pedagógicos: Narrativa. Brinquedo cantado. Linguagem gestual.
A Viuvinha é um relato ficcional que estabelece contato com o passado histórico, revelando alguns aspectos da história de Portugal. O marido da Viuvinha era o comandante de uma caravela que atuava no comércio com a África, atividade comum aos portugueses em tempos idos.
Logo no início da narrativa, o marido morre. A mulher recusa todos os pedidos de casamento que recebe, até que o príncipe Pedro se apaixona por ela e resolve pô-la à prova. É quando a Viuvinha revela então todo o caráter ao querer se casar com o pobre cego em que o príncipe se disfarçara. O príncipe também mostra o seu amor, coragem e perseverança ao ir à procura da Viuvinha.
Literatura inspirada em fatos históricos
O contador da história tem – no caso do conto A Viuvinha – a chance de fazer inferências de ordem literária e histórica para seus ouvintes.
Antes ou depois de contar a história, o narrador pode falar sobre o romance de Inês de Castro e Pedro I de Portugal. O príncipe D. Pedro era filho do rei D. Afonso IV e casado com D. Constança. D. Pedro se apaixona por Inês, que pertencia a uma família nobre do Reino de Castela, que viria a fazer parte da Espanha. Quando Constança morre, ele passa a viver com Inês. Depois disso, os nobres portugueses, temendo pela sucessão do trono, fazem um acordo com o rei Afonso IV para assassinar Inês, alegando razões de Estado. Ela é morta em 1355.
Afora inúmeras fontes, há o canto III de Os Lusíadas, onde o drama de Inês de Castro é contado em versos. Os Lusíadas é uma narrativa em versos escrita pelo português Luís de Camões no século XVI, cujo tema é a viagem de Vasco da Gama às Índias (1497-1498).
Já com o conhecimento da historinha e do drama de Inês de Castro, é possível fazer breves e bem diretas relações com a história oficial de Portugal, mostrando que há ficção que vem de acontecimentos verdadeiros, ainda que com algumas modificações, como é o caso da narrativa de Camões. Assim, é possível ilustrar como a literatura pode se inspirar em fatos reais.
A Península Ibérica
Algumas observações como:
– Portugal era parte da Espanha – que durante séculos foi composta por diferentes reinos (Navarra, Aragão, Leão e Castela) – até o século XII, quando se tornou independente.
– O nome Portugal foi composto pelos nomes de duas regiões vizinhas que formaram inicialmente o país: o condado de Porto e o de Cale.
– Mesmo depois de ser um país independente, Portugal amargou 60 anos sob domínio espanhol, entre os anos 1580 e 1640.
Isso ajudará o leitor entender o temor dos portugueses com a possível união de Pedro e Inês. É interessante lembrar a história da independência do Brasil, ressalvando que o Pedro do episódio Inês de Castro mencionado é Pedro I de Portugal. Nosso imperador, foi Pedro I do Brasil e quando retornou a Portugal e se tornou-se rei daquele país, recebeu o nome de Pedro IV.
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